Dezenas de pessoas concentraram-se em Luanda para pedir a libertação dos 15 jovens activistas angolanos detidos desde Junho e alertando para o estado de saúde de um dos reclusos, Luaty Beirão, em greve de fome há 18 dias.
E m causa está a situação de um grupo de 17 jovens – dois em liberdade provisória – acusados formalmente desde 16 de Setembro passado de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, mas sem que haja uma decisão do tribunal de Luanda sobre o prorrogação do prisão preventiva.
“O meu marido está em greve de fome há 18 dias porque está detido ilegalmente, porque as autoridades não fazem o seu trabalho. Já se esgotaram os 90 dias [primeiro prazo máximo de prisão preventiva] e não há uma decisão das autoridades dizendo que se mantêm a prisão preventiva por mais 90 dias ou se os libertam com Termo de Identidade e Residência ou com caução, já que a lei assim o permite. Estão constantemente a incorrer em ilegalidades”, disse Mónia Almeida, esposa do músico e engenheiro Luaty Beirão, um dos 15 detidos.
Amigos e familiares dos activistas juntaram-se hoje nas escadarias da igreja da Sagrada Família, em Luanda, numa vigília com velas e cartazes apelando à libertação imediata dos jovens, com a situação de Luaty Beirão, de 33 anos, a motivar a maior preocupação.
“Estamos a fazer pressão para que apressem a decisão, seja ela qual for. Isso vai decidir se o Luaty fica vivo ou não. Não podem ficar mudos. O Luaty pode morrer a qualquer momento, está há 18 dias sem comer. Numa greve de fome devia ingerir três litros de água, quando nem meio litro consegue. Os órgãos já começam a deixar de funcionar e todos os dias apresenta um quadro diferente”, disse ainda a esposa, durante a acção de hoje.
A vigília estava prevista para as 18 horas, no largo 1.º de Maio, também em Luanda, mas o local, apresentava hoje um forte aparato policial.
“Não aconteceu nada porque decidimos vir para aqui, sabemos como a polícia é. Viemos para a igreja porque aqui não nos vão tocar”, apontou Mónica Almeida.
O conteúdo do despacho de acusação proferido pelo Ministério Público do regime contra os 17 jovens, alega que preparavam uma rebelião e um atentado contra o Presidente da República, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que estes aprendiam num curso de formação.
Na sequência do despacho de acusação, a defesa requereu a abertura da instrução contraditória, com o objectivo de obterem um parecer de um politólogo sobre o livro “From Dictatorship to Democracy”, do norte-americano Gene Sharp, descrita na acusação como ideóloga das acções desestabilizadoras em vários países que viram derrubados os seus governos e que era estudado, em acções de formação, pelos activistas detidos em Luanda desde 20 de Junho.
“Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram “Governo de Salvação Nacional’ e elaborar uma “nova Constituição'”, lê-se na acusação, deduzida três meses depois das detenções.
Os jovens negam a gravidade destas acusações, afirmando que se reuniam para discutir política.
“Se o Luaty tiver de permanecer preso mais 10 anos que o digam, não é ficarem mudos. É por isso que ele está em greve de fome, ele tem consciência que pode ficar preso 10, 20 anos, porque sabe que a nossa Justiça não é justa. Mas que o julguem, porque eles não foram condenados”, concluiu Mónia Almeida.
É essencial para família não se cansar de reanimar Luaty a aceitar beber e comer algo em tipo dieta mole para reanimar a luta de Luaty não pode acabar se deixando morrer mas deve se esforçar para em breve cantar o hino de Victoria.
A mãe do Luaty e a esposa devem continuar a encoraja-lo. Lhe recordar que morto não luta pelos seus ou direitos do povo. Por mais difícil que seja a fase da vida, um guia e defensor – como um capitão de navio – deve ser o último a morrer, sempre tentando salvar um bom número de pessoas.
Nesse momento, o povo precisa de alguém que não tem medo de morrer. Mas não morrer enfraquecido por greve alimentar. Se está preparado para morrer na defesa dos direitos do povo, que continue vivo para poder lutar. Morto não será útil para a sua esposa, mãe, família, amigos e para o povo em geral. Pelo que parece, é isso que se espera, que ele se mate e se derrote a si próprio. Se ele é activista, então deve acordar, abrir os olhos e ficar alerto.